quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eu e a Síndrome de Down

Eu e a Síndrome de Down fomos apresentadas formalmente no dia em que recebi no terceiro mês de gestação o diagnóstico do meu filho, toda aquela desinformação e ignorância sobre o assunto geraram uma insegurança imensa.

Por isso que hoje,escrevo para as pessoas que estão vivenciando essa situação em suas vidas, para aquelas que nem imaginam passar, e para as que tem consciência que essa falha na genética pode ocorrer com qualquer pessoa, em qualquer faixa etária ou classe social.

Por isso é sempre bom saber mais a respeito e entender como as coisas são de fato.

Mostrar para as pessoas que meu filho tem síndrome de Down, não foi sempre fácil, pois no início tive medo e receio do que as pessoas iriam falar, a gente se sente meio impotente, incapaz e culpada de ter gerado uma criança com uma “deficiência”.

É realmente difícil lidar com essa situação e sentimento a princípio. Falar sobre o assunto, escrever então, era realmente impossível fazê-lo sem que lágrimas caíssem ou sem aquele terrível aperto no peito que sufocava cada palavra.

A decepção tão visível que familiares e amigos deixavam escapar por trás daquelas palavras de força, me arrasavam ainda mais.

Os olhares de pena, me faziam pensar que eu não tinha tido um filho e sim um peso que levaria para toda vida.

Mas não demorou muito para o próprio Davi mostrar para que veio. Todo sofrimento e luto de ter tido um filho que a princípio fugia de todos os meus sonhos e planos se transformou em força e luta para encarar a situação de cabeça erguida, tirando lições de cada etapa intensamente vivida.

Hoje eu me enxergo alguém mais humana, que se preocupa mais com o próximo, que vê bem além de uma deficiência. Uma pessoa que fecha mais os olhos para ignorância das pessoas.

Uma pessoa que se indigna com o preconceito. Uma pessoa bem melhor de antes.

O que eu posso dizer nesses 2 anos convivendo dentro desse mundo, que é a vida do meu filho? Meus queridos, é que uma criança com Síndrome de Down, apesar de suas semelhanças físicas e mentais entre si, são crianças, que choram, que sorriem, que amam (e como amam), que se machucam, que falam o que sentem,às vezes com um simples olhar, crianças que só precisam ser aceitas assim como elas são, para então, conseguirem mostrar até onde elas são capazes de ir, o que ninguém pode prever. Eu creio que não há limites. Assim como para qualquer criança.

Eu sei que o Davi pode ter alguns obstáculos no caminho, mas isso fará dele um homem forte, cheio de vontade de romper fronteiras, um guerreiro que não desistirá tão fácil de algo que almeja.

Assim eu terei orgulho do meu filho, sim, era um homem assim que eu imaginei que ele seria quando ele estava em minha barriga. Não é um cromossomo a mais, que irá fazer que meu filho não se torne o homem de fibra que sempre sonhei. Espero viver o suficiente para vê-lo se tornar um rapaz bom, de coração acolhedor, um rapaz forte e determinado. Independente do que ele faça, que ele faça com prazer, com amor. Que ele seja feliz assim como escolher ser. Esse será o meu orgulho. Essa será minha felicidade.

Espero que em sua vida adulta a Síndrome de Down não seja mais vista (ainda) como um problema sem solução para pessoas, aliás, que não seja vista como problema. O que de fato não é.

E espero também que as pessoas tenham conhecimento suficiente para entender isso.

Que o mundo esteja mais compreensivo e respeitador das diferenças do seu próximo.

Eu espero e sonho tanta coisa, mas uma fica sempre em evidência, A FELICIDADE DO DAVI.

E por essa,ah por essa,eu lutarei com tudo que poder! Com toda minha inexperiência, com todo meu amor...

Eu posso até não saber o caminho certo, mas por ele, eu darei sempre o melhor de mim.


Da mãe mais apaixonada do mundo,

Patrícia Silva

(By Carolina)

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